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Desafios do RH com Planos de Saúde Coletivos e Soluções Jurídicas Estratégicas

Imagem de Drazen Zigic no Freepik

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Índice

Os departamentos de Recursos Humanos têm enfrentado um cenário cada vez mais complexo na gestão de planos de saúde empresariais, coletivos por adesão ou empresariais puros. A alta judicialização da saúde suplementar, aliada à assimetria contratual e à concentração das operadoras, coloca empresas, sindicatos e associações diante de desafios que vão muito além da administração tradicional de benefícios.

Neste artigo, abordamos os principais problemas enfrentados e apresentamos as providências jurídicas cabíveis com base na legislação vigente (Lei 9.656/98, resoluções da ANS, Código Civil, CDC, e jurisprudência atualizada), conectando estratégias preventivas e contenciosas para gestão eficaz dos contratos coletivos de saúde.

1. 💸 Aumentos Abusivos por Sinistralidade

Contexto: Os contratos coletivos com 30 ou mais vidas não estão sujeitos ao teto de reajuste fixado pela ANS, o que confere ampla margem para as operadoras aplicarem reajustes por sinistralidade sem critérios uniformes. Muitas vezes, os reajustes superam 20% ao ano.

Base Legal: Lei 9.656/98, arts. 15 e 16, e RN ANS nº 195/2009.

Providências:

  • Auditoria atuarial para identificar inconsistências no cálculo;
  • Notificação com pedido de reavaliação conforme equilíbrio econômico-financeiro do contrato;
  • Ação revisional com pedido liminar de suspensão de reajuste abusivo;
  • Pedido de tutela de urgência com base em precedentes do STJ e TJ’s estaduais.

2. 🔒 Ausência de Transparência nos Critérios de Reajuste

Problema: O plano aplica aumentos e não apresenta os dados de sinistralidade nem as notas técnicas atuariais exigidas por norma.

Base Legal: RN ANS 565/2022 e RN 171/2008.

Providência:

  • Requisição formal das notas técnicas e sinistros registrados;
  • Representação à ANS (ouvidoria e NIP);
  • Possibilidade de ação civil para transparência contratual e revisão com base no art. 421-A do Código Civil.

3. ⚠️ Restrição Ilegal de Inclusão de Dependentes

Problema: Planos que negam inclusão de filhos após maioridade civil, dependentes com deficiência ou uniões estáveis.

Base Legal: Lei 9.656/98, art. 12, incisos I a IV; CDC, art. 39, V.

Providência:

  • Pedido de inclusão com fundamento em jurisprudência protetiva;
  • Representação à ANS e eventual Mandado de Segurança para inclusão urgente.

4. 🏋️ Recusa de Procedimentos Cobertos

Problema: Operadoras negam exames, tratamentos, internações sob alegacão de exclusão contratual ou não previsão no rol da ANS.

Atualização Legal: Lei 14.454/2022 – caráter exemplificativo do Rol da ANS.

Providência:

  • Ação com tutela antecipada baseada na lei e jurisprudência do STJ;
  • Reforço contratual e compliance assistencial com a operadora.

5. 🚧 Exclusão Indevida durante Períodos Protegidos

Problema: Afastamento por auxílio-doença ou licença maternidade não justifica a exclusão.

Base Legal: Lei 9.656/98, art. 30 e 31.

Providência:

  • Pedido administrativo com base em estabilidade regulatória;
  • Ação judicial para manutenção e eventuais danos morais.

6. 🤟 Negativa de Reembolso e Glosas Indevidas

Problema: Reembolsos negados ou reduzidos arbitrariamente.

Providência:

  • Ação de cobrança cumulada com danos;
  • Reforço contratual de cláusulas de reembolso e fiscalização interna de valores.

7. 🌐 Barreiras à Portabilidade de Planos

Problema: Migração entre operadoras gera novas carências e recusa de portabilidade.

Base Legal: RN ANS 438/2018.

Providência:

  • Pedido fundamentado com protocolos e prazos;
  • Representação formal à ANS;
  • Ação para obrigar a portabilidade com preservação de direitos adquiridos.

8. 🚫 Falta de Assistência em Casos de Alta Complexidade

Problema: Negativas de procedimentos complexos como home care, medicamentos de alto custo e internações prolongadas.

Solução:

  • Inclusão de cobertura contratual ampliada;
  • Ações com base no direito à vida e dignidade (CF, art. 6º e 196).

9. 🤝 Contratos com Cláusulas Onerosas e Desfavoráveis

Providência:

  • Parecer jurídico com foco em reequilíbrio e mitigamento de riscos;
  • Ação revisional com base em desequilíbrio contratual e boa-fé objetiva (art. 421 CC).

10. 🚀 Concentração de Mercado e Redução da Concorrência

Consequência: Poder excessivo das grandes operadoras fragiliza o contratante.

Providência:

  • Ação coletiva via sindicatos ou associações;
  • Criação de redes autogeridas ou cooperativas com suporte legal.

📊 Conclusão: Gestão Inteligente de Planos Coletivos Começa com Estratégia Jurídica

A solução não está apenas em negociar preço ou trocar de operadora, mas sim em estruturar a relação contratual com respaldo técnico e jurídico.

Com assessoria jurídica especializada em saúde suplementar, é possível:

  • Reduzir reajustes abusivos;
  • Garantir cobertura para situações sensíveis;
  • Blindar a empresa contra passivos trabalhistas e contratuais.

RH estratégico exige um novo nível de conhecimento e ação proativa. Busque suporte jurídico para garantir previsibilidade, segurança e sustentabilidade ao plano de saúde da sua empresa

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